Caminho Primitivo 2011

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Caminho Primitivo                                       

10, 11 e 12 Junho de 2011

Esperei até ontem, por mais algum comentário, destes cc, em vão: só Chico se portou como um home

Comentário de: Francisco Ferreira

” Não diria dificil, mas muito custoso e duro como os Duros de Roer. É um caminho que eu recomendo fazer, pelo menos 1 vez, sem esta aventura a nossa vida como guerreiros do pedal estava muito incompleta, temos que saber em determinadas alturas que o sofrimento de quem pedala é reconhecido no fim de cada etapa.
As Asturias são simplesmente uma beleza para quem aprecia as paisagens, e tem trilhos para descer de chorar por mais, são como os de subir, só não se chora porque um verdadeiro guerreiro do pedal não chora “

Descrever esta aventura pelos Caminhos de Santiago, pelas rotas seculares de origem religiosa, peregrinadas a pé dias e dias sem fim, ou em três dias de bicicleta como foi o nosso caso, não é fácil; transcrever todas emoções sentidas, o sofrimento e a felicidade que estas rotas nos proporcionam, é ainda mais difícil, é preciso ter o talento e a alma de um poeta para transmitir esse estado de espírito que nos invade à medida que nos integramos pelos difíceis, deslumbrantes e extraordinários trilhos que nos conduzem à catedral de Santiago de Compostela

 Infelizmente, não tenho esse talento que tanto jeito me daria para descrever todas as vicissitudes e o estado de espirito a que fomos sujeitos durante a nossa aventura pelo Caminho escolhido este ano, o “mítico” CAMINHO PRIMITIVO

Vou, pois, tentar sintetizar com estas modestas linhas, o que foi a nossa “epopeia” velocipédica pela primeira rota, uma das mais difícieis de todas segundo rezam as cartilhas

O Caminho Primitivo começa em Oviedo, região das Astúrias, supõe-se que foi o primeiro Caminho utilizado pelos peregrinos para venerar o apóstolo Santiago em Compostela, é também o menos conhecido e talvez o mais difícil, sempre em alta montanha até Lugo, com altitudes a variar entre os oitocentos e os mil cento e setenta metros por trilhos rurais onde raramente se vê um peregrino

O começo da nossa aventura foi rocambolesco: falha (da empresa de aluguer), do autocarro que nos iria transportar até às Astúrias, depois de duas horas e meia de espera lá apareceu outro autocarro d`outra empresa mas, a contingência deste transporte de recurso (sem culpas no cartório diga-se), obrigou-nos a fazer mais de 200kms que o previsto até Oviedo, onde tínhamos hotel marcado, pois se tudo corresse como planeado chegaríamos às 01h30, a tempo de descansar umas horitas, tal não aconteceu; entramos de facto na recepção do hotel mas para renegociar o investimento das marcações prévias, felizmente com algum sucesso e, ala até Tineo guiados por um coche com duas simpáticas espanholas que, percebendo a nossa confusão em atinar com a estrada certa – já tínhamo-nos enganado várias vezes -, se prontificaram a guiar-nos até próximo de Tineo, só, porque gostavam de ciclistas; bem hajam chicas; chegamos às 06h50, foram dez horas enfiados num autocarro pequeno onde mal se podia esticar as pernas, não dormimos absolutamente nada e chegamos todos “partidos”, mesmo assim prontos para a loucura do dia

1º dia – (Oviedo)Tineo  >  Fonsagrada

Eram 08h40, quando saímos de Tineo e logo por uma subida bastante acentuada, ainda a frio até aos 900m de altitude, o aquecimento ficou feito, depois foram 22 kms muito agradáveis pela serra até La Mortera, onde um placard informava que podiamos optar por continuarmos ou fazer um desvio até Montefurado pela rota tradicional pela serra dos hospitais; depois de ler  toda a informação com atenção, optamos por continuar, se escolhêssemos o desvio seriam 15kms inóspitos de grande dureza dos 770m até aos 1170m mas de enorme beleza e primitivismo no dizer do placard, confesso que me agradou a ideia de fazer esse desvio, fiquei um pouco desiludido, a fazer fé no cartaz, seria excitante visitar esse local

Continuamos pelos trilhos e a desfrutar da beleza da paisagem luxuriante por entre os escassos pueblos rurais com meia dúzia de casas, o nosso cameraman Chico, ia gravando e comentando a nossa passagem por estes belos locais, que nos convidavam a fazer uma pausa para os registar, ou simplesmente para os contemplar; ao fim de 25kms, paramos à beira de um riacho com uma ponte em madeira  para comer uma bucha: umas sandes, umas peças de fruta e pouco mais; findo o repasto, fomos tomar o cafezinho da ordem mais adiante em Pola de Allende, sem termos ainda a consciência do que aí viria para a frente

A saída da Pola de Allende é sempre a subir, subir, subir sem fim, ao encontro das montanhas, por trilhos de grande beleza cheio de pedras onde era muito difícil pedalar, só alguns metros de cada vez, ladeados por arbustos com o rio lá bem no fundo do vale, estavamos mentalizados para a dureza do percurso, o que nos permitiu manter o estado anímico em bom estado à medida que era exigido cada vez mais cabedal para treparmos por ali acima; às duas por três deparou-se-nos pela frente um muro…de uma montanha com eólicas no topo mais parecendo ventoinhas de brincar vistas cá de baixo, ainda comentei que estávamos fodidos se tivéssemos de ir até lá acima, depressa caí na realidade, o Caminho passava exatamente por aí; pouco deu para pedalar até chegar ao cimo – El Palo -, pois a maior parte do trilho foi a arrastar a burra ou com ela às costas, o grupo subiu disperso cada um compenetrado no esforço que ia a despender, parei algumas vezes, que é como quem diz, porque praticamente parados estávamos nós, pois mal saiamos do sitio -, para tirar umas pictures, se pudesse tirar uma foto à alma naquele momento, iria mostrar em primeiro lugar, o desconforto de transpirar ao frio, depois algum cansaço e fome, à mistura com uma excitação e fascínio enorme por estar naquele lugar rude e ao mesmo tempo espetacular, fizemos 4km numa hora, por aqui já se pode fazer uma ideia da dificuldade desta subida

Depois de uns minutos de descanso, com muito frio, seguiu-se uma descida vertiginosa e perigosa, do género daquelas da Snra Guia, que vão de Belinho até Antas; continuamos pelo cimo dos montes com uma vista soberba  sobre os vales, com cuidados redobrados pelos estreitos trilhos que à menor distração poderia ser fatal a rolar pelo serra abaixo, entretanto a água dos bidons começava a escassear, depois do esforço despendido a trepar a serra, ficar sem água neste local ermo, seria muito complicado e agora mais do que nunca, era necessário uma boa hidratação, começávamos, alguns de nós, a desesperar pelo precioso liquido, quando por fim lá apareceu a tasca salvadora do Serafin, mesmo à justa, porque a coisa começava a ficar feia

Recompostos e já com outra disposição, continuamos por trilhos xistosos até La Mesa e depois outra descida brutal por Buspol e Salime de 9 kms, foi dos 992m sempre a descer até aos 165m, uma descida de uma beleza impressionante – como alguém disse: a fazer lembrar os Alpes Suiços ou os imensos montes verdejantes açorianos; evidentemente que paramos para os admirar e por momentos abstraímo-nos de tudo extasiados a contemplar aqueles montanhas formidáveis todas “relvadas” a perder de vista

A descida terminou na barragem do Embalse – um local isolado com poucas habitações, onde se viam ruínas e túneis de minas ao abandono, donde se depreendia que outrora deve ter sido um importante centro de extração de minério – depois o  previsível a seguir a uma descida: subir, subir 22km dos 165 até aos 1030m, com os primeiros 7kms pelas margens da albufeira da barragem até Grandas de Salime e depois por estrada até Puerto El Acebo, o fim da região das Astúrias e começo da região da Galiza, entramos na província de Lugo e, 12kms a seguir, Fonsagrada, o destino final e tão desejado desta longa etapa, onde o Carias e o Delfim estavam à nossa espera no hotel, chegamos gelados o que não admira pois estavamos a 900m de altitude e as temperaturas ao fim do dia por estas paragens descem bastante

Foi uma etapa dura e estenoante, demoramos 08:18:00 a fazer os 104kms, não temos registo de acumulado mas, a fazer fé em gráficos (não muito precisos) deve andar pelos 3.200m positivos -, não esteve mal para quem começou às 20h00 do dia 9, viajou quase 700kms de autocarro todo escolhido e terminou às 18h50 do dia 10 com uma direta no pêlo

Apesar da dureza e cansaço, chegamos ao fim do dia com o animados e felizes por termos concluído e vivido os obstáculos e a paisagem próprios deste percurso sem quebras físicas e problemas mecânicos de maior, a boa disposição continuou a reinar durante o jantar, a seguir cama, foi tiro e queda

Foi um dia duro, bem roído pelos Duros

  2º dia – Fonsagrada  >  Palas de Rei

Manhã bonita, o frio que sentimos à chegada do dia anterior, tinha desaparecido por completo, dera lugar a uma manhã radiosa de Sol, parecíamos outros, rejuvenescidos depois de uma boa noite de sono e de um lauto pequeno-almoço, estávamos prontos para o que viesse e, o que veio a seguir não foi pêra doce, não, foi mais do mesmo do dia anterior, com sobe e desce, mas a disposição com que encarávamos estes obstáculos depois da coça que levamos no dia anterior, foi diferente, quase não dávamos por isso, os trilhos continuavam a seguir pelas colinas mantendo-se na altitude entre os 800 e 950m, continuavam a ser muito agradavéis, felizmente com menos pedras, a exceção foi durante um trecho entre A Lastra e Fontaneira com uma subida íngreme  cheia de calhaus, onde foi impossível pedalar, só com as burras à mão (mais uma vez), depois de transpormos esta “parede” descansamos um pouco para retemperar forças e dar de beber à dor

À saída de Fonsagrada, tínhamos combinado com os nossos asas da  carrinha de apoio encontrarmo-nos em Cadavo Baleira para almoçar, acabou por acontecer um pouco mais à frente em Castroverde num local calmo e relvado mas, antes de aqui chegar, enquanto pedalávamos, o João Zão sozinho lá na frente acabou mesmo por desaparecer das nossa vistas, já é normal isso acontecer, por isso não nos chateamos absolutamente nada quando faltou para o almoço, o pior foi mais tarde, quando estávamos a 9 kms de Lugo telefonou a comunicar que já lá se encontrava; quando chegamos à cidade, perdemos uns bons três quartos de hora a jogar ao gato e ao rato à procura dele, por fim lá o encontramos por mero acaso ao lado de uma igreja; não há nada a fazer com este “estupor”, definitivamente é um caso perdido

De Lugo a Palas de Rei o Caminho é relativamente fácil e a paisagem diferente, parecida com o alto Minho, foi uma tarde em que andamos ligeiros e na  parte final tivemos que acelerar um pouco mais, porque as horas iam passando e tínhamos perdido imenso tempo à procura do vira-lata do João

O Caminho Primitivo funde-se com o Caminho Francês, em Melide, 15km a seguir a Palas de Rei; tivemos que fazer um desvio até esta vila, porque era lá que tínhamos marcado hotel “bungalow”, para pernoitarmos; durante todo o percurso cruzamo-nos com poucos peregrinos a pé, de bicicleta nem um, em Palas havia muitos peregrinos e muitos grupos de ciclistas, este local é um ponto de paragem obrigatório do Caminho Francês, encontramos à chegada o grupo Trilho & Companhia – Neves FC, que na viagem de autocarro para Oviedo nos tínhamos cruzado com eles numa área de serviço, dirigiam-se então para Astorga onde iriam começar o Caminho Francês, já agora leiam este item que eles escreveram no blog deles, o sublinhado e pontos de interrogação são meus:

“ …Mais a destacar nesta etapa foi o reencontro de vitaminas??? e de seu irmão gémeo (vive na terra das cebolas)??? que tinha partido para oviedo para percorrer o cabelo que faz jus aos seus nomes:??? primitivo…”???

                                                                                                                                                                                                                       Sem comentários

Terminamos esta etapa, com todos operacionais e em forma, o que só demonstra que estávamos todos bem preparados fisicamente, foi uma etapa com duas partes distintas, uma montanhosa e outra mais ou menos rolante, mesmo assim nesta parte rolante apanhamos trilhos complicados, até as nossas burras se portaram bem, não nos deram nenhuma chatice vá lá, quanto a mim cheguei com a parte do fundo das costas muito mal tratado, mal podia sentar-me no selim, o que me valeu foi os poses de talco milagrosos do Milo que me permitiu no dia seguinte sentar-me sem o constrangimento do dia anterior

Depois do jantar, ainda deu para cavaquearmos um pouco no bar do hotel, sobre a etapa do dia e do vazio no grupo com a falta dos nossos companheiros que nunca faltaram aos Caminhos de Santiago em edições anteriores, enquanto outros jogavam uma cartada e ainda outros foram dar uma volta pela vila, mas depressa voltaram para o hotel, porque estava tudo cerrado

Neste segundo dia fizemos 109kms em 07:45:00, com acumulado positivo a rondar os 2.100m

3º dia – Palas de Rei  >  Santiago de Compostela

A manhã apresentou-se chuvosa e fria, quando arrancamos para a etapa final, obrigando-nos passados alguns kms a vestir a capa para a chuva, felizmente ao fim de poucos kms a chuva parou e o calor voltou para ficar até ao fim da jornada

Foram 70kms, por um caminho muito agradável, já nosso conhecido, com muitos peregrinos de todas as partes do mundo, com poucas incidências, talvez  o único facto se é que se pode chamar assim, o habitual desaparecimento do João uma vez mais, durante uns bons kms, de resto paramos algumas vezes para abastecer o bucho e carimbar as credenciais; esta etapa, parecia fácil mas com as suas pequenas subidas e descidas tornou-se algo desgastante

Chegamos a Santiago às 13h30, demoramos 04h30 com um acumulado na ordem dos 1.300m

À nossa espera já lá se encontravam o Francisco Gomes e o Óscar Vinhas que nos iriam transportar de volta, além, claro, dos nossos companheiros de luta desta aventura, o Carias e o Delfim

Foi uma aventura inesquecível, com locais e paisagens extraordinários, com muita dureza sobretudo até Lugo, este Caminho Primitivo, não é nada de transcendente para os dias de hoje onde podemos usufruir de todo o conforto, qualquer pessoa o pode fazer desde que esteja bem preparado fisicamente; transcendente isso sim deve ter sido para os peregrinos que há uns séculos atrás conseguiram chegar ao túmulo do apóstolo, e, como se sabe muitos não resistiram às intempéries e à dureza do caminho e acabavam por falecer antes de chegar a Santiago

Depois desta aventura, composto pelos onze guerreiros do pedal -, como muito bem parafraseou o Chico no seu comentário -, cada um ficou com uma perspectiva diferente das vivências porque passamos, é natural que assim seja mas, acho que num ponto todos estamos de acordo: foram três dias fantásticos, fomos uma grande equipa de treze elementos, arrisco mesmo a dizer que desta vez trocamos o secundário pelo principal, não houve  grupos isolados em competição em detrimento de pedalarmos quase…em equipa – okay!!! pois, o João Zão, mas esse é um caso perdido, só funciona em solitário, não há nada a fazer, “vadio” uma vez, “vadio” toda a vida, é por isso que ele só pedala connosco duas vezes por ano

Esta aventura só não ficou completa porque, se já sabíamos da falha de dois companheiros uns dias antes, Mota e Manel, a falha brusca do Futre motivada por aquele acidente estúpido a poucas horas da partida, foi um duro golpe para o grupo, continuamos pois teria de ser assim, mas já não foi a mesma coisa, resta-nos esperar pela sua recuperação, que, temos a certeza, vai ser rápida ou não fosse ele um Duro de boa tempera

Resta agradecer o apoio valioso, prestado (mais uma vez), pelo Caria e Delfim -, ai o que seria de nós com a mobília às costas pelas montanhas de Allende, se não fosse os nossos amigos,  assim como a disponibilidade(também, mais uma vez), do Francisco e o Óscar que tiveram a pachorra de nos virem buscar e ainda o empréstimo sempre oportuno da carrinha do Flávio – Em nome dos ddr`s obrigado a todos

 Se esta aventura se transforma-se num filme, o papel a atribuir a cada um seria:

– FILIPE,   “ O hotel Comfort”

– CHICO, “ Vídeo s/música mas com bons argumentos”

– TINO, “ Olha!!! apanhou a kabra”

– PAULO PINHO, “Estava tudo fechado”

– MILO, “ A noite do Gregório”

– BERTO, “ O destravado”

– IVO, “A arte de bem dormir…no autocarro”

– NARCISO, “ O fuso horário”

– PAULO FERNANDES, “ Tenho de ir na frente”

– NELSON, “ Foi por causa das duas noites sem dormir”

– JOÃO, “ O Desenfiado”

– CARIAS, “Três dias a aturar malucos”

– DELFIM, “ Nem quero olhar, é o fim”

Como não vai transformar-se em filme, mas os atores foram bons e desempenharam bem o seu papel, vamos pela primeira vez na história da humanidade e dos ddr`s, instituir o troféu «UTONEDESANTIAGO», para o artista que mais se evidenciou nos três dias, por aquelas descidas

O vencedor será eleito através de votação e os resultados serão conhecidos posteriormente, durante uma GALA com data e hora marcada a designar pela gerência dos ddr`s,  onde terá CABIDELA, a entrega imediata do troféu «UTONEDESANTIAGO», ao gajo que melhor desempenhou o papel que lhe foi atribuído acima

                                                                                                                                                                  Dhum  Narcisum Eiras Ribeiro

Vamos lá votar cambada, para ver quem ganha o troféu

Por causa da batotice, o resultado está oculto;  a votação acaba três dias antes do frango de cabidela, da entrega do prémio

Obs:para votar, depois de clicar na casa em branco atrás do nome, clica em Vote. De seguida abre-se uma janela, para comentar a votação, se quiseres; é só clicar em Comments, escreves o teu nome (Your name)o mail (Email Address) fazer o comentário (Your Comment) e para terminar (Submit Comment) – vamos lá pessoal é facil

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